quinta-feira, julho 28, 2005

simbólico

o preço das flores
(porque as flores têm preço)
é o princípio das dores
de um último começo

quinta-feira, julho 21, 2005

outro domingo (ou tequilla X speedy)

No quintal lá da casa
onde uns dias dormi
minha cachorra tentava
comer o jabuti
usou patas e dentes,
latiu de pirraça
nada pôde fazer
contra tal carapaça...
sai, cadelinha,
deixa a tartaruga!
(pois é dentro da casca
que ela esconde a bazuca)

segunda-feira, julho 18, 2005

Couve flor

Eu não tenho destino
sou um jogo de dados
de uma partida travada
entre a sorte e o acaso

terça-feira, julho 12, 2005

gota (um pouco de prosa, porque não?)

A mesa tremeu, a garrafa entornou, mas ninguém estava em condições de se importar.
O vinho fugindo. A sala em silêncio. Nos guardanapos e na toalha se esgueiraram seis anos de fermentação.
Nenhum par de olhos quis enxergar o vermelho. Vai pingar. Vai pingar. Vai pingar. A metáfora de sangue embriagando o sangue no chão. Sem ter o que lhe descesse pela garganta, alguém engoliu em seco.

segunda-feira, julho 11, 2005

Mesmo com o nascer do sol
persistia o escuro
imagino que o parto
tenha sido prematuro

os olhos dos outros

um livro é uma janela
que a gente abre e olha
para fora de si.

meu tipo de hospitalidade

pode entrar, gente
sejam bem vindos,
que a porta tá aberta
e eu acho que perdi minhas chaves.

sexta-feira, julho 08, 2005

(depois do tapa na cara)

dois dedos de prosa
e ele te tem
na palma da mão.
talvez fome seja psicológica.
Mas por enquanto comida ainda é mais barata que prozac.

domingo, julho 03, 2005

não há diálogo.
tudo que existe é um monólogo com muitos participantes.

sexta-feira, julho 01, 2005

o que jack não disse

seria tão mais fácil
ser uma mão , um braço
(ou a vesícula, o baço...
até mesmo um joelho!)
que qualquer aparelho
entende sem embaraço.
Mas se olho no espelho,
sentido não faço
sou um ser inteiro.
Invejo os pedaços.