Uma maluquice idiota e cheia de palavrão (depois não digam q eu não avisei)
Ele e o chão. Ele e os barbitúricos. O vaso sanitário de tampas
levantadas vigiava tudo, soturno e acolhedor.
"Venha", ele dizia ,"venha comigo que te mostro o outro lado da historia", o vaso dizia.
Hans ouviu mas continuou encarando os arabescos dos azulejos. Não era
de bom tom conversar com privadas, por mais anestesiado que você
esteja. "Venha, vamos. Minha água é limpinha e azul." concentrou-se
nos azulejos. Uma meia lua, uma bordinha decorada. Uma florzinha em
cada canto. Eram todos iguais. Passou os dedos pela argamassa que os
unia e aparecia em filetes, áspera. Passou as unhas pelas bordas de um
dos quadrados, mas como este não fazia menção de se soltar do piso,
voltou o olhar para cima.
" Não me ignore. você sabe que eu estou aqui. Eu também sou feito de
louça, sabe?" o vaso disse, sedutor. No teto, duas lâmpadas, daquelas
fluorescentes. Encarou, depois fechou os olhos e observou as sombras
das luzes dançarem nas pálpebras baixadas, provando que os olhos não
precisam estar abertos para ver. " O que você quer de mim, herr sanitário?
Diga logo ou deixe-me em paz." " Não sei. Companhia. Uma boa conversa.
Quem sabe até um carinho?" " Carinho não. Sabe lá deus quem andou
sentando em você." "preconceituoso" " vaso de merda" " drogado de
merda" " calaboca" " vem calar".
Hans acariciou os cadarços dos sapatos. " covarde. fica aí com teus
sapatinhos" " calaboca"
" ai, eu tenho sapatinhos. meu nome é hans e
eu adooro meus sapatiiinhos..." Hans fechou as tampas do vaso com
violência, e se aboletou por cima dele. " toma essa, ô porcelana" "ficou bravinho que eu ofendi seus sapatinhos, foi?" As privadas não
precisam estar destampadas para falar. " ok. Tá bom então. Qual o
grande problema com o meu sapato?" " nenhum, ´magina..." " não, vai.
Pode falar" " ah, e quem sou eu pra criticar o calçado alheio?" " uma
privada de banheiro público. Caso você não lembre." " tá bom. Quer
saber qual o problema com teu sapato?" "vai fundo" " ele é um imbecil"
" como assim , um imbecil?" " imbecil. Um sapato imbecil. Sabe?
BURRO. Teu sapato é BURRO. Se você tivesse se drogado o suficiente pra
ouvir o que ELE diz, você ia saber do que eu estou falando." " é ,
pensando bem ele não tem cara de ser muito esperto mesmo...vai sapato,
diz uma merda pro Sr. Sanitário aqui!" e esfregava os tênis na
porcelana. " pára com isso, pô!" Hans ria desbragadamente. " Pára!
Pára!" A descarga disparou e não queria parar mais, hans levantou do
vaso: " você está bem?" a voz de dentro da porcelana saia num
gargarejo. Hans encontrou um jarro de água sanitária e despejou,
trôpego, no redemoinho.O gargarejo aumentou, a descarga continuava
ecoando e então parou. " sanitário? sanitário?" nada. " Sanitário,
fala comigo!!" ele à beira das lágrimas, mas nada. As luzes
fluorescentes ainda brilhavam, e sob elas piscavam as ilhoses dos
Tênis, malignamente.
levantadas vigiava tudo, soturno e acolhedor.
"Venha", ele dizia ,"venha comigo que te mostro o outro lado da historia", o vaso dizia.
Hans ouviu mas continuou encarando os arabescos dos azulejos. Não era
de bom tom conversar com privadas, por mais anestesiado que você
esteja. "Venha, vamos. Minha água é limpinha e azul." concentrou-se
nos azulejos. Uma meia lua, uma bordinha decorada. Uma florzinha em
cada canto. Eram todos iguais. Passou os dedos pela argamassa que os
unia e aparecia em filetes, áspera. Passou as unhas pelas bordas de um
dos quadrados, mas como este não fazia menção de se soltar do piso,
voltou o olhar para cima.
" Não me ignore. você sabe que eu estou aqui. Eu também sou feito de
louça, sabe?" o vaso disse, sedutor. No teto, duas lâmpadas, daquelas
fluorescentes. Encarou, depois fechou os olhos e observou as sombras
das luzes dançarem nas pálpebras baixadas, provando que os olhos não
precisam estar abertos para ver. " O que você quer de mim, herr sanitário?
Diga logo ou deixe-me em paz." " Não sei. Companhia. Uma boa conversa.
Quem sabe até um carinho?" " Carinho não. Sabe lá deus quem andou
sentando em você." "preconceituoso" " vaso de merda" " drogado de
merda" " calaboca" " vem calar".
Hans acariciou os cadarços dos sapatos. " covarde. fica aí com teus
sapatinhos" " calaboca"
" ai, eu tenho sapatinhos. meu nome é hans e
eu adooro meus sapatiiinhos..." Hans fechou as tampas do vaso com
violência, e se aboletou por cima dele. " toma essa, ô porcelana" "ficou bravinho que eu ofendi seus sapatinhos, foi?" As privadas não
precisam estar destampadas para falar. " ok. Tá bom então. Qual o
grande problema com o meu sapato?" " nenhum, ´magina..." " não, vai.
Pode falar" " ah, e quem sou eu pra criticar o calçado alheio?" " uma
privada de banheiro público. Caso você não lembre." " tá bom. Quer
saber qual o problema com teu sapato?" "vai fundo" " ele é um imbecil"
" como assim , um imbecil?" " imbecil. Um sapato imbecil. Sabe?
BURRO. Teu sapato é BURRO. Se você tivesse se drogado o suficiente pra
ouvir o que ELE diz, você ia saber do que eu estou falando." " é ,
pensando bem ele não tem cara de ser muito esperto mesmo...vai sapato,
diz uma merda pro Sr. Sanitário aqui!" e esfregava os tênis na
porcelana. " pára com isso, pô!" Hans ria desbragadamente. " Pára!
Pára!" A descarga disparou e não queria parar mais, hans levantou do
vaso: " você está bem?" a voz de dentro da porcelana saia num
gargarejo. Hans encontrou um jarro de água sanitária e despejou,
trôpego, no redemoinho.O gargarejo aumentou, a descarga continuava
ecoando e então parou. " sanitário? sanitário?" nada. " Sanitário,
fala comigo!!" ele à beira das lágrimas, mas nada. As luzes
fluorescentes ainda brilhavam, e sob elas piscavam as ilhoses dos
Tênis, malignamente.
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