terça-feira, março 07, 2006

nuvem 110

ás vezes a gente deixa a mente passear onde ela quiser.
daí ela nos sussura, como bolhas que emergem d´água, as verdades escondidas na malha da vida.
foi assim que eu descobri

que o mundo é só uma pérola grande
que as estradas também deixam marcas nos pneus
que o futuro é feito de um tecido macio
que o sangue não é a forma líquida da dor
que que o espaço entre as coisas se mede em cachos de uva
que a tartaruga é só o brinde que vem no casco
barata e quebrável como todo covarde
que a música independe de sons
que o vidro não quebra, ele se multiplica
que o trabalho enobrece a cama
pelo menos comigo foi assim
que uma injúria despretensa vale mais que certos elogios
que a fuligem purifica
que as amoreiras tem voz
mas as orquídeas não
que alguns chocolates vêm com pedaços de silêncio
e que eu
eu sou apenas um fiapo de lã azul.