quarta-feira, março 08, 2006

claudinhazinha e as mulheres da vida.

Para facilitar o trabalho daqueles que um dia escreverão minha biografia não autorizada, presenteio a todos com esta pequena memória da minha infância.

Eu devia ter lá pelos meus 6 anos, talvez 7. Não me lembro muito bem de onde estavamos vindo, mas o fato é que chegávamos em casa de alguma viagem, eu, papai, mamãe, e meu irmão.
Por alguma razão obscura, daquelas que apenas as tecelãs de fios de conversas conhecem, o assunto havia rumado para mulheres da vida.

Parenteses-ão
Meu pai sempre teve conversas peculiares. Peculiarmente precoces, digamos. Acho que ele já falava de doenças venéreas conosco desde que eu tinha 5 anos, sem falar dos avisos de não entre com caras no banheiro do clube, entre muitas outras coisas que eu só fui entender beeem depois.
Mas, nesse dia, acho que a conversa progrediu a partir da boa e velha piada onde os espermatozóides gritavam "pára, pára que é masturbação". Só que na época ele contava como "Pára, pára que é travesti!". Aparentemente travestis são bem mais aceitáveis (talvez até recomendáveis?) em piadas pra crianças abaixo de 10 anos.
fim do parenteses-ão


Bom, de qualquer forma, euzinha nunca tinha ouvido falar nas tais moças da vida. Ou, se tinha, nunca havia prestado muita atenção. De modo que tive que perguntar. Segue a conversa mais ou menos como se deu:

- Pai?
- Oi?
- O que é uma mulher da vida?
-... ahn...ah, filha...é uma prostituta...
- Que que é uma prostituta?
- É, bem, é uma puta, entende?
- Não.
- São moças muito pobrezinhas... elas não tem emprego, por isso, pra viver, elas vendem o corpo.
- E elas ficam só com a cabeça?