terça-feira, outubro 24, 2006

.realidade absurda (1)

(prólogo) Pois bem. Eu estou para estrear essa seção faz um tempo, então lá vai. Realidade absurda são aquelas coisas que te acontecem de verdade, mas que você faria muito bem em acreditar que não aconteceram coisíssima nenhuma. Claro que nem são tão irreais, porque, afinal de contas, elas aconteceram. Mas você nunca suspeitou que elas pudessem. Ou então, sou só eu inventando umas historinhas bobas e enganando todos vocês. Tolinhos. (fim do prólogo)

Essa aqui aconteceu quando eu ainda estava no meu emprego2. Como eu trabalhava num daqueles lugares onde judas costuma esquecer as peças de roupa, era preciso andar 20 minutos, pegar trem, pegar ponte orca ou ( p.orca, como eu gosto de chamá-la), pegar metrô, baldear, essa aventura toda. Durante esses percursos, claro, muitas pessoas tiram da mochila um livro, pra passar o tempo. Eu não, por duas razões distintas: número um, sentar sem fazer nada num meio de transporte público é um dos momentos de pico pra mim, criativamente falando. Número dois, ler em movimento me dá tontura. Mas estou acostumada a ver gente lendo nessas situações. Naquele dia, reparei numa moça, no trem. Ela carregava nos braços não um, mas dois livros nos braços, fora da bolsa. E depois, quando fui tomar a P.orca, ela sentou do meu lado. Espiei. Os dois livros eram de ficção. Não eram de faculdade nem nada do tipo. Aliás, eram daqueles do estilo Best Seller. Fiquei me corroendo. Pergunto ou não pergunto por que raios aquela criatura levava DOIS livros? Dá pra entender alguém que leia dois livros ao mesmo tempo, agora, levar os dois pra ler no trem parece um pouco de mais. Pensei comigo: eu nunca mais vou encontrar essa moça na minha vida. Se eu não perguntar agora, não vou saber nunca. Tomei coragem e interrompi a leitura dela.
- Oi, desculpa incomodar...
- ´Magina
- ... mas eu estava me perguntando: porque você carrega dois livros?
- Ah. (sorriso) É que eu leio um na ida e outro na volta.